terça-feira, 3 de março de 2009

EXECUTIVO GENERALISTA GANHA ESPAÇO EM ÉPOCAS DE CRISE

Com o corte de pessoal, funções estratégicas e operacionais passam a se concentrar em uma única pessoa

Portal EXAME

Em tempos de turbulência mundial, o mercado de trabalho para executivos também sofre transformações. Não é apenas a insegurança de ser pego de surpresa em meio a uma reestruturação e ver sua vaga desaparecer que preocupa esses profissionais, mas também a incerteza de conquistar um novo posto, se o pior acontecer. Alguns cuidados, porém, podem aumentar sua empregabilidade - isto é, a capacidade de manter o atual emprego ou, no
limite, de encontrar outro facilmente.

Segundo headhunters, a primeira resposta das empresas à crise é mudar o perfil dos executivos buscados. Os mais valorizados são os profissionais generalistas - aqueles capazes de lidar tanto com questões de planejamento estratégico, quanto envolver no dia-a-dia da companhia, pondo a "mão na massa" para fazer as coisas acontecerem. O motivo é simples: ao enxugar seus quadros, as companhias concentram cada vez mais funções em poucos gestores.

A lista de requisitos também envolve saber trabalhar sob pressão - afinal de contas, o executivo passará a fazer parte da empresa em um momento de grande turbulência, e precisa responder rápido às demandas. Capacidade de liderança e de motivação da equipe são outras qualidades indispensáveis em qualquer época - sobretudo agora. Quem gerencia apenas números e planilhas precisa aprender a lidar com pessoas - e a gostar disso. Os selecionadores estão bem atentos a empatia dos candidatos e à capacidade de comunicação clara e objetiva.

Experiência a favor
É freqüente a observação de que as empresas buscam executivos cada vez mais jovens para ocupar importantes cargos. Alguns consultores de Recursos Humanos afirmam que essa predileção não é um dogma do mercado, e que há espaço para pessoas mais velhas. Desde que a crise se agravou, em meados de setembro, com a quebra do banco americano Lehman Brothers, os executivos mais experientes parecem ter ganhado terreno na disputa por novas vagas. Isso ocorreu, segundo os headhunters, porque crises são momentos em que as companhias precisam contar com toda a tarimba de seus dirigentes - algo que só se adquire com o tempo, vivenciando vários momentos difíceis e acumulando horas de vôo.

Um dos nichos a ser explorado pelos executivos em busca de recolocação é o das empresas familiares. Essas companhias estão aproveitando o momento de movimentação do mercado para contratar pessoas com bom currículo, e que possa contribuir para profissionalizar a gestão e atenuar o impacto da crise sobre os negócios. Os consultores alertam, porém, que se aventurar
nesse mercado requer flexibilidade do executivo. É claro que uma bela carreira em uma multinacional é um bom passaporte para ingressar em uma companhia familiar. Mas é preciso compreender que a infraestrutura de trabalho não será, exatamente, a mesma.

Até agora, o segmento que mais retraiu as ofertas de vagas foi o da alta cúpula das empresas - presidentes e diretores-executivos. A maior demanda está concentrada na chamada camada de "middle management", ou gerência de nível médio. Esses são os profissionais que ganham até 15.000 reais por mês. Entre os mais demandados, estão os de controladoria e finanças, justamente porque, em horas de crise, as empresas querem preservar ao máximo seu caixa - e são esses executivos os responsáveis por isso.

Após uma forte freada em setembro e outubro de 2008, o mercado de executivos está voltando. Ao contrário do que esperavam os headhunters, os dois primeiros meses de 2009 não mostraram uma forte queda. No geral, a demanda é a mesma do primeiro bimestre de 2008 - o que está sendo festejado como uma bela notícia pelos responsáveis por selecionar os
dirigentes das companhias brasileiras.

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