quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A RECEITA DA LIDERANÇA

Cinco regras que podem ajudar qualquer executivo a chegar ao topo -- e se manter lá

Por Jack Welch 17.09.2009 00h01




É impossível determinar uma fórmula infalível para ser um bom líder numa empresa. Cada um tem um modo próprio de desempenhar o papel -- e não há jeito certo nem errado. Ok, não existe uma receita mágica. Mesmo assim vou arriscar aqui algumas ideias que vi dar certo ao longo do tempo. Siga alguma delas -- ou todas -- se achar que vale a pena.

1. Seja íntegro - Certa vez um calouro da escola de negócios da Universidade de Fairfield me perguntou: "Como é possível ser um bom católico e um bom empresário ao mesmo tempo?" Respondi com convicção: "Eu sou".

A resposta simples a essa pergunta é a seguinte: mantenha-se íntegro. Essa postura, que nunca abandonei, serviu de base para tudo o que fiz nos bons e nos maus tempos. Muita gente talvez não tenha concordado comigo o tempo todo -- e talvez eu não estivesse certo o tempo todo --, mas elas sabiam que eu agia de boa-fé e com honestidade. Isso me ajudou a construir bons relacionamentos com clientes, fornecedores, analistas, concorrentes e governos. Enfim, deu o tom à empresa.

2. Busque o lucro - Todo mundo tem uma opinião sobre o papel da empresa na sociedade. Eu também. Creio que a responsabilidade social é fruto de uma empresa forte e competitiva. Só uma empresa sadia pode melhorar e enriquecer a vida das pessoas e de suas comunidades.

Quando uma empresa é sólida, ela não somente paga impostos que voltam sob a forma de serviços importantes como também ergue instalações de primeira linha que atendem aos padrões ambientais ou vão até mesmo além deles. Companhias sólidas reinvestem em seu pessoal e em suas instalações. Empresas sadias geram empregos seguros e bons que dão a seus empregados o tempo, o ânimo e os recursos para dar de volta à comunidade a que pertencem muitas vezes mais do que receberam.

Empresas frágeis e problemáticas, por sua vez, quase sempre se tornam um peso para a comunidade. Seus lucros são poucos ou nulos e quase não pagam impostos -- se é que pagam algum. Elas se sentem tentadas a tomar atalhos que resultem em lucros rápidos, investindo pouco no desenvolvimento de seus empregados e no ambiente de trabalho. A ameaça constante de demissões obviamente gera incerteza e medo nos funcionários -- e afeta o modo como eles consomem, trabalham e se relacionam com a comunidade.

É por isso que a principal responsabilidade social de todo líder consiste em garantir o sucesso financeiro da empresa. Só uma empresa sadia e vitoriosa tem os recursos e a capacidade de fazer o que é certo.

3. Dê o exemplo - A empresa se espelha em quem está lá em cima. Sempre digo aos executivos que seu entusiasmo pessoal determina o grau de entusiasmo da empresa toda. O exemplo de um líder se espalha por toda a companhia -- para o bem e para o mal -- e certamente será seguido pelos funcionários. O presidente dá o tom da empresa.

Quando eu ainda era presidente da GE e viajava para locais distantes, tinha a oportunidade de influenciar ainda mais pessoas, em diversas partes do mundo. Eu não queria ser uma simples foto no relatório anual da empresa. Queria ser alguém na GE que todos conhecessem.

Um líder não pode jamais ficar encastelado em seu próprio escritório.

4. Cerque-se das melhores pessoas - Convencer os empregados a colocar sua inteligência a serviço da empresa é uma parte muito importante do trabalho de um líder. O segredo é pegar as melhores ideias das pessoas e passá-las adiante para todos. Não há nada mais importante do que isso. É fundamental agir como uma "esponja", absorvendo e questionando as boas ideias. Para isso, é preciso primeiramente estar aberto ao que as pessoas têm de melhor a oferecer. Em segundo lugar, disseminar esse conhecimento.

Não se engane. As pessoas vêm em primeiro lugar; as estratégias, depois. Colocar as pessoas certas nas funções certas é muito mais importante do que criar estratégias. Essa verdade se aplica a todo tipo de negócio. Passei anos analisando estratégias promissoras que nunca deram em nada. Tínhamos planos fabulosos para equipamentos de ultrassom, por exemplo, mas só conseguimos colocar a coisa para funcionar quando encontramos a pessoa com o ultrassom no sangue.

Você pode ter a melhor estratégia do mundo. Contudo, sem a liderança certa à frente dela, você não terá mais que belas apresentações.

5. Não confunda confiança com arrogância - A arrogância é fatal e a ambição exagerada, ainda que velada, pode ter o mesmo efeito. Existe uma linha tênue entre a arrogância e a autoconfiança. O verdadeiro teste da autoconfiança passa pela coragem de se abrir -- de acolher as mudanças e as novas ideias seja qual for sua origem. O indivíduo autoconfiante não teme contestações a seu ponto de vista. Ele é a favor do combate intelectual que contribui para o enriquecimento das ideias. São essas pessoas que determinam, em última análise, o grau de abertura de uma empresa e sua capacidade de aprender. Onde achar gente assim? Procure entre as pessoas que se sentem bem do jeito que são -- pessoas que gostam da maneira que são e não temem mostrar isso.

Jamais comprometa seu jeito de ser por qualquer trabalho seja lá onde for.

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